https://pixabay.com/pt/users/ralfunstet-1280089/
Ralf Unstet
Ninguém ensina a gente a lidar com as perdas e com a morte. Tenho escrito sobre isso no blog, desde que meu pai faleceu e nesses últimos anos, como estou envelhecendo, as perdas têm sido mais constantes. Lembro do meu pai respondendo à pergunta, Como o senhor está? "Estou indo, mas pelo menos ainda estou aqui". Hoje entendo perfeitamente o significado dessas palavras.
José Alberto Mujica Cordano, mais conhecido por Pepe Mujica, faleceu essa semana (13/05). Não o conheci, muito menos o seu país, mas quando ouvi a notícia de sua morte fiquei triste. Sempre admirei a trajetória de vida desse homem e de seu posicionamento como político e ser humano. Em uma de suas últimas entrevistas ele disse: "Sabe-se que a morte é inevitável [...]. Ela é uma senhora de quem não gostamos, e que não queremos, mas que inevitavelmente vai chegar em algum momento. Portanto, temos que nos resignar." 1. Essas palavras me reportaram ao meio pai.
Fico triste porque as pessoas que admiro estão morrendo e não tenho visto outras assumindo esses lugares. As pessoas hoje estão focadas em ganhar dinheiro e continuar no ciclo doentio e predatório do capitalismo desmedido. Para Mujica, precisamos dar sentido à vida e para isso é importante definirmos alguma coisa como central à vida, uma causa, um objetivo. Caso contrário, somos enquadrados na sociedade capitalista perdendo nossa liberdade. Somente quando dedicarmos tempo de vida para fazermos o que gostamos e o que queremos, teremos a possibilidade de sermos livres.
E ele passou a vida fazendo isso, semeando ideias e sendo coerente com o que defendia, a sobriedade e a liberdade. Para ele era importante deixar um grupo que desse continuidade e o superasse com vantagem, porque as causas sociais e políticas são muitos mais complexas e mais longas que as nossas vidas. Ele se foi...e vejo que são poucos que pensam assim.
-x-x-x-x-x-x-x-
No one teaches us how to deal with death. I've been writing about this on the blog since my father passed away, and in recent years, as I've gotten older, the losses have been more constant. I remember my father answering the question, "How are you?" "I'm going, but at least I'm still here." Today I understand perfectly the meaning of those words.
José Alberto Mujica Cordano, better known as Pepe Mujica, passed away May, 13. I didn't know him, much less his country, but when I heard the news of his death, I was saddened. I always admired this man's life trajectory and his position as a politician and human being. In one of his last interviews, he said: "We know that death is inevitable [...]. She is a lady we don't like, and we don't want, but she will inevitably come at some point. Therefore, we have to resign ourselves." These words reminded me of my father's life.
I'm sad because people I admire are dying, and I haven't seen others take their places. People today are focused on making money and continuing the unhealthy and predatory cycle of rampant capitalism. For Mujica, we need to give meaning to life, and to do so, it's important to define something as central to life—a cause, a purpose. Otherwise, we're trapped in capitalist society, losing our freedom. Only when we dedicate our time to doing what we love and desire will we have the possibility of being free.
And he spent his life doing this, spreading ideas and being consistent with what he advocated: sobriety and freedom. It was important for him to leave behind a group that would provide continuity and surpass him, because social and political causes are much more complex and longer than our lives. He's gone...and I see that few people think the same way.
Comentários
Postar um comentário