Estava lendo o livro do Valter Hugo Mãe, "A desumanização" publicado em 2013, quando, logo nas primeiras páginas, me deparo com o seguinte trecho:
As palavras não são nada. Deviam ser eliminadas. Nada do que possamos dizer alude ao que no mundo é. [...] As letras da palavra cavalo não galopam, nem as do fogo bruxuleiam [...] Nenhuma pedra se entende por caracteres. As pedras são entidades absolutamente autónomas às expressões. As pedras recusam a linguagem. Para a linguagem as pedras reclamam o direito de não existir. Se as nomeamos não estamos senão a enganarmo-nos voluntariamente. Às pedras nunca enganaremos. Elas sabem que existem por outros motivos e talvez suspeitem que o nosso desejo de falar seja só um modo menos desenvolvido de encarar a evidência de existir." (p.29)
Parei! Que texto é esse? Cada página lida traz um milhão de reflexões diretamente relacionadas à vida humana. Que ser é esse que se coloca superior a tudo e acha que pode controlar o mundo por meio de palavras? O que é estar no mundo com palavras? Por que cada coisa/objeto/fato foi nominado daquela forma e não de outra?
Vi como as palavras nos aprisionam a naturalizar tudo. Quando estamos em um mundo que não dominamos a linguagem, nossas relações mudam, podemos nos libertar do encarceramento das palavras e de várias atitudes e comportamentos etnocêntricos. Ao recusar uma determinada nominação abrimos a oportunidade de apenas SER no mundo!
É isso! Faz sentido para você?
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I was reading Valter Hugo Mãe's book, "A desumanização" (The Dehumanization), published in 2013, when, in the first few pages, I came across the following passage:
"Words are nothing. They should be eliminated. Nothing we can say alludes to what is in the world. [...] The letters of the word horse do not gallop, nor do those of fire flicker [...] No stone can be understood as characters. Stones are entities that are absolutely independent of expressions. Stones refuse language. For language, stones claim the right not to exist. If we name them, we are only deliberately deceiving ourselves. We will never deceive stones. They know they exist for other reasons and perhaps suspect that our desire to speak is just a less developed way of facing the evidence of existence." (p.29)
I stopped! What text is this? Each page read brings a million reflections directly related to human life. What is this being that places itself above everything and thinks it can control the world through words? What is it to be in the world with words? Why was each thing/object/fact named that way and not another?
I saw how words imprison us to naturalize everything. When we are in a world where we do not master the language, our relationships change, we can free ourselves from the imprisonment of words and from various ethnocentric attitudes and behaviors. By refusing a certain nomination we open the opportunity to simply BE in the world!
That's it! Does it make sense to you?
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